segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Será isto Medicina?

Por vezes, quando estou a ter aulas de uma certa cadeira, dou por mim mesma a pensar para com o meus botões "Mas em que raio de curso estarei eu?". Sim, porque às vezes, este curso parece tudo menos Medicina.

Veja-se o exemplo de hoje. Acabo de chegar de uma aula de Bioestatística. Está tudo muito bonito e tal, é preciso saber contar e definir classes, saber até calcular a média e a moda, não vá o nosso filhote daqui a alguns anos pedir-nos ajuda e nós não o podermos ajudar com os TPC e depois é uma tragédia; tudo bem, mas ainda assim, por que razão tenho eu de saber estas coisas? Será que, quando começar a atender os meus pacientes, vou pensar, antes de mais, na média da idade das pessoas que procuram a minha assistência, ou se a altura da D. Dolores está no primeiro, segundo ou terceiro quartil? Não digo que não seja importante, óbvio que é, daí existir a ciência da Demografia, mas aí reside a questão: Demografia, não Medicina! Vai-se a ver, e se perguntarmos aos alunos mais velhos o que era a Bioestatística, a única coisa que eles se recordam é que foi uma cadeira de Matemática, mais uma daquelas chatas e irritantes que, apesar de não ser muito difícil, exige estudo, e sobretudo tempo, algo muito valioso nesta nossa vida de estudante deste curso.

Outra coisa que me causa espécie  nesta cadeira é ela ser leccionada no primeiro ano. O que vai acontecer é simples: vou estudar para a dita cadeira, passar (espero eu, se não passar a coisa está negra), e mais para o final do curso, quando estas ferramentas me forem úteis para a minha tese de mestrado e eu já não me lembrar delas, vou ter que recorrer a meios ilícitos para a concluir (nomeadamente aquelas empresas espectaculares que fazem o tratamento de dados estatísticos, é só mostrar as notinhas reluzentes na carteira). A ver vamos, espero até lá ficar a perceber um pouco mais disto.

Será que isto quer dizer que, para além de médicos, também seremos matemáticos, filósofos, historiadores ou artistas? Se assim for, menos mal.

E assim concluo a minha primeira dissertação no campo das frustrações e inutilidades médicas, esperando que seja do vosso agrado, caros leitores inexistentes.

Amanhã volto, um pouco menos senil do que hoje.




1 comentário:

  1. Adorei o texto e o blogue! :)

    Tens razão, há sempre cadeiras do curso que nem sabemos para que é que as temos! Já no meu foi a mesma coisa! Acho que qualquer curso tem a sua cadeira "misteriosa"!

    Não tens o Google Social no teu blogue? Assim podia segui-lo mais facilmente!

    Beijinhos

    http://carpediemtome.blogspot.pt/

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