quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Domingos em família

Ai! A vontade de escrever é tanta, e há tanto para vos contar, mas o tempo é tão pouco...

Falo-vos agora dos meus últimos fins-de-semana: como já sabeis, são passados a estudar, e quando não tenho que estudar, o que é raro, aproveito para descontrair e dividir o meu tempo entre aqueles que, gentil e amavelmente, solicitam a minha companhia.

Porém, este último fim-de-semana terá sido o fim-de-semana mais estranho dos últimos tempos. Passei-o à volta de corações de porco. Sim, leram bem.

Não sei se já aqui vos disse (provavelmente não porque faz mais de um mês que aqui não vinha), mas entretanto arrumei com Imunologia, Aleluia!, e iniciei-me no mundo da Cardiologia e do Sistema Respiratório, mundo esse muito mais lindo e maravilhoso que muito me apraz. Toda a minha felicidade é, contudo, destruída, quando me lembro que ainda vou ter que estudar tudo de Imunologia para o belo do exame no dia 6 de Janeiro. Adeus querido Natal, foi bom conhecer-te...

Mas bem, dizia eu (e desculpem se me vou perdendo, que as novidades são tantas e nem sei por onde começar) que, de momento, estou a estudar a Sistema Cardio-Respiratório. E como seria de esperar, qualquer estudo que envolva Anatomia que se preze, não pode deixar de ter aulas práticas onde pomos a mão na massa. Quero com isto dizer mexer em corações, abri-los, estraçalhá-los todos (nem sei se esta palavra existe) com bisturis e tesouras de poda e, como não poderia deixar de ser, sentir o cheirinho a talho que dele emana. Mais ainda, Anatomia que se preze tem exame oral acerca do coração.

Por isso, este fim-de-semana, pedi à melhor mãe do mundo, a minha, que me fosse ao talho comprar um coração para eu estudar e fazer umas experiências lá em casa. Mas este coração teria que cumprir os requisitos anatómicos mínimos para ser alvo de estudo. Por isso foi ver a minha mãe a pedir ao senhor talhante que lhe arranjasse um coração de jeito, não destruído, vindo de um porco com saúde.

O diálogo que se seguiu em casa com o meu pai foi mais ou menos assim:

Pai: Compraste um coração? Vais comer isso?
Eu: Não, vou estudar.
Pai: Ah... Mas isso não é humano pois não??? (Medo a apoderar-se visivelmente dele)
Eu: Não, é de porco.
Pai: (com ar confuso) Está bem...

Entretanto lá calcei as luvas e comecei a montar o estaminé em cima da mesa da cozinha: coração numa bacia aqui, um prato acolá, panos, facas e afins.

Pai: Tu não vais fazer isso aqui na mesa da cozinha pois não?! Nós comemos aqui!
Eu: Há quem aprecie comer coração... Queres que vá para a casa de banho ou para o teu quarto?
Pai: (após momento de silêncio e com cara de enjoado) Chamem-me quando a cozinha estiver livre, nem quero pôr mais os pés aqui.

Entretanto, e durante esta cena toda, a minha mãe estava na outra ponta da cozinha, alegremente a passar a ferro, como se fosse a coisa mais normal do mundo ter uma filha a dar uma de cientista louca enquanto enfia o nariz dentro de um coração na cozinha.

Adoro os Domingos em família.

3 comentários:

  1. Também adoro pegar no bisturi e dissecar órgãos nas aulas laboratoriais de biologia. Isto soou sinistro, mas parece que encarnamos completamente as personagens de Grey's Anatomy. Que continues a dissecar mais corações e rins e afins! (mas só de porco, atenção)
    Muitos beijinhos e boa sorte! Espero que tudo continue a correr bem :) - R

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  2. loooooooool
    Será que aqui se aplica aquele ditado: quem vê caras não vê corações? :P

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    1. Eu diria melhor: quem vê corações não vê focinhos!

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