Muita gente me pergunta como é que é possível eu conseguir vir a casa todas as semanas, uma vez que moro a sensivelmente 265km do monte. Alguns pensam que eu sou a WonderWoman, outros simplesmente desconfiam das minhas capacidades académicas e assumem que deixo o estudo para último plano só para vir dar uma curva. Errado *inserir som daqueles mesmo irritantes que dão nos concursos de televisão quando alguém erra alguma pergunta que lhes poderia valer 3000€*.
Primeiro de tudo: seria inconcebível, para mim, não tentar vir a casa o máximo de vezes possível. Já aqui vos disse aí umas trinta vezes que adoro demais a minha vidinha à beira da praia, e portanto, passar 15 dias sem pôr a vista em cima das minhas Caraíbas privativas não é opção.
Segundo: Eu não gosto do monte, assumidamente. E se há colegas que não se importam de ficar lá 1 mês ou o que seja seguido, eu não sou assim. Os meus amiguinhos do coração estão aqui, bem como os meus pais e todas as pessoas de quem gosto.
Terceiro: Não sei se já vos disse, mas antes de ter ido para o monte, estive na faculdade noutro curso no Porto. E portanto, aproveitei tudo de bom que aquela academia teve (e tem) para me oferecer. E (desculpem pessoas que adoram o monte, nada contra, atenção!) quem por aqui passou não quer mais nada. Por isso continuo a vir praxar os caloiros da minha antiga casa e a participar no máximo de actividades que consigo.
Assim, e de modo a satisfazer as minhas necessidades básicas de sobrevivência, tento vir todas as semanas a casa. Eu quero lá saber se são mais de 500km ida e volta, eu até gosto de passear. Este ano consegui fazê-lo todas as semanas, para o ano é que vai ser mais complicado. Para não pensar muito no assunto e tentar relaxar já comprei um tapete de ioga e saquei uns vídeos que me vão permitir ultrapassar 15 dias (ou mais, se necessário) no monte. Depois preocupo-me com isso.
Mas, e dizem vocês muito bem, isto de fazer viagens longas tem muito que se lhe diga. Não é de ânimo leve que uma pessoa se enfia num autocarro para fazer uma viagem de 3 ou 4 horas, conforme o trajecto e o peso do pé do motorista.
Por isso, e há que louvar a faculdade e a associação de estudantes quando merecem, a AE lá do sítio criou um banco de boleias no seu site. Para além disso, existe ainda uma página de facebook "Boleias de/para o Monte" (não com este nome, como é lógico), que já se encontra na barra de favoritos do meu computador, logo ali em lugar de destaque que eu não quero perder nada. A ideia é, como já devem ter percebido, promover a partilha de uma viatura, dividindo as despesas entre todos, e conseguir fazer uma viagem mais rápida, cómoda e acessível. Ainda por cima, como sou de uma cidade onde existem muitos estudantes deslocados como eu, é relativamente fácil encontrar alguma alma caridosa que me leve a mim e aos meus 327kg de mala pelos caminhos tortuosos da A1, A25 e A23. Amén.
Como é óbvio, pode e com certeza haverá riscos. Mas para isso existe também o bom senso. Tento sempre vir com pessoas do meu curso, que conheça ou pelo menos já tenha visto (só para lhes tirar a pinta, claro), a horas decentes, etc e tal. A história do costume. Até hoje, só me deixaram ficar mal uma vez. Depois vamos marcando o nosso lugarzito, arranjando boleias fixas, e a coisa até se faz mais ou menos bem. Pelo menos eu já estou habituada.
E assim se sobrevive a mais uma semana, sempre na expectativa de entrar num carro conhecido e arrancar a todo o gás para casa. E que bem que sabe começar a ver as placas a dizer Porto. E que bem que sabe passar pela ponte do Freixo e ver aquela maravilhosa paisagem da Ribeira, ali à minha espera para me oferecer mais uma bela noite com os meus amigos.
Que bem que sabe chegar a casa.
E fazes bem em ir a casa! É sempre bom mudar um bocadinho e passear!
ResponderEliminarBjs