terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Coisas que odeio... #1

Estando eu na posse de (quase) todas as minhas faculdades mentais, e na aclamadíssima qualidade de "dona deste blogue", não faria sentido não ter uma rubrica. Aliás, nos variados manuais sobre como gerir um blogue e torná-lo um sucesso, este é um dos pontos-chave: ter uma rubrica.

Assim, inicio a minha rubrica "Coisas que odeio em ser estudante deslocada". O título é um bocado para o grande, e por isso os posts, doravante, serão apenas conhecidos por "Coisas que odeio... #(inserir número da publicação)".

Passemos à acção!

1) Não ter carro ou boleia

Esta é, meus caros, uma das coisas que mais me custam na minha vidinha de estudante deslocada. Primeiro, e para esclarecer, eu não tenho viatura própria. Tenho uma viatura "quase própria", o que é mesmo que dizer "utilizo o bolinhas da minha mãe quando (sempre) que ele está disponível, em troco de favores obscuros (nomeadamente cozinhar e fazer limpezas)". Ainda assim, e considerando que a minha mãe é a melhor mãe do mundo (não inserir sarcasmo aqui, já que isto é inteiramente verdade e eu o digo com muito orgulho), sempre que possível lá vou eu dar uma volta ou outra, no carro antiguinho da minha mãe, de mil novecentos e pouco. No entanto, gozo de uma liberdade maravilhosa cada vez que conduzo. O facto de saber que não dependo de ninguém para fazer o que quer que seja, apenas do dinheiro que exista na carteira para dar combustível ao animal faminto, é algo que me satisfaz enormemente.
Ora, uma estudante deslocada sem viatura própria, claramente não vai para outra cidade estudar e leva o carro da mãe "emprestado" durante a semana inteira. Estudante que é estudante utiliza os transportes públicos!

Mas não é sobre a forma de chegar à minha outra cidade que a primeira intervenção pretende dissertar. É sobre como sobreviver à semana que lá passo.

Como já referi no primeiro post deste blogue, não sou pessoa de exercício. Conclua-se, portanto, que não sou pessoa de andar a pé. Assim, a minha primeira preocupação quando procurei casa por estes lados foi "Será que é perto o suficiente da faculdade?". Bem, encontrei uma casa razoavelmente perto. Vá, é pertíssimo, são 6/7 minutos de caminho desde que saio da porta de casa até à porta da faculdade. Mas, garanto-vos, são os minutos mais penosos da minha vida. Não gosto de andar a pé, chamem-lhe defeito de fabrico, e portanto custa-me andar mais do que 5 metros seguidos.

A coisa até se vai fazendo, quando não chove e até está uma temperatura agradável. E quando fica frio e chove? Aí é que são elas.

As duas últimas semanas têm sido particularmente torturantes, uma vez que a temperatura média tem rondado os 3 graus. Então, sair logo pela manhã e levar com uns agradáveis 2ºC, estampados no mostrador da farmácia, meeeesmo no meu focinho, custa. E não é pouco. É muito. Lá vou eu toda enchouriçada para a faculdade: aqui vão 3 camisolas, duas delas polares, mais dois pares de meias, umas luvas, um gorro e ainda o carapuço do casaco. A coisa faz-se. Pior é quando chove. Tipo hoje. Mais precisamente há meia hora.

Aqui quando chove, chove a sério. Não estamos no litoral, onde caem umas pinguitas só para nos assustar, que isso é brincadeira. Aqui Chove, com C grande. Lá vinha eu, como já disse há uns 30 minutos, da faculdade, toda apetrechada dos mais diversos objectos anti-chuva (galochas, guarda-chuva e afins) e uma carrada de livros em cima para ajudar, até relativamente descansada e pouco molhada, quando há um grandessíssimo condutor idiota, anormal de primeira categoria, que resolve passar mesmo em cima de uma poça de água, justamente a 50cm de mim. O que é que acontece? Aqui a menina leva um valente banho de água gélida, daquela que se sente nos ossos, toma lá que já almoçaste. O horror. Ainda me virei para trás, insultei o condutor "ó seu grandessíssimo fdp, se tu andasses a pé queria ver!", e barafustei com o guarda-chuva no meio do ar. Mas não adiantou, o desgraçado continuou dentro do seu carro, a seguir o seu caminho, sentado confortável e sem apanhar chuva, muito provavelmente com o ar condicionado perto dos 37ºC, para ficar em osmose com a sua temperatura corporal. Animal.

Isto tudo para concluir que esta é apenas uma das razões pelas quais odeio não ter carro, ou até mesmo boleia. Porque, se tivesse, nada disto acontecia. Eu vinha descansada da vida a conduzir o meu carrinho, a mudar suavemente as mudanças e a ouvir a RFM, enquanto os desgraçados lá fora apanhavam uma molha e partiam guarda-chuvas com o vento. Com sorte, ainda fazia a mesma brincadeira do outro de há bocado, e cá vai disto uma tromba de água para vocês que me parece que não tomaram banho hoje de manhã!

Esta vida é triste, e eu não desejo a ninguém. Quero ver quando este país estiver bem enterrado na sanita e não se puder usar o carro e os transportes falirem. Nem quero imaginar.

Nesse dia, deixo de sair de casa.


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