Estamos, eu e os meus pais, de
férias, como é nosso hábito nesta altura. Não somos pessoas de grandes luxos, e
a nossa carteira também não nos permite tal coisa, mas, apesar de todas as
contrariedades da vida, temos tentado, todos os anos, vir passar uns dias fora.
Faz-nos falta o calor e os dias longos de praia, coisa que, onde moramos,
acontece meia dúzia de vezes durante o Verão. Viver no Norte tem destas coisas.
Um dia destes fomos dar um
passeio à noite, visitar o centro da cidade, ver a animação nocturna e o
regabofe típico das noites quentes e abafadas. O povo todo na rua, os cafés que
se estendem até ao mar, artistas de rua cantando um flamengo, meninas em trajes
menores que nos tentam persuadir a ir até determinado bar, são coisas comuns
que aqui se veem, e é impossível não gostar disto, deste descanso, desta
despreocupação que baixa em nós durante as férias.
Enquanto passeávamos não pude,
porém, deixar de reparar num homem sentado no chão encolhido, alheio à confusão
à sua volta, com um pedaço de cartão arrancado de uma caixa de pizza gordurenta
que alguém deitou fora e que dizia “Não tenho trabalho”. Que murro no estômago.
Tudo à nossa volta em festa, e o homem, envergonhadíssimo, com um cartão e um
copo a pedir esmola.
A minha vontade era de abrir a
carteira e dar-lhe todo o dinheiro que tinha que, não sendo muito, certamente
era mais do que ele via há muito tempo e dizer-lhe que vai tudo correr bem, que
às boas pessoas a sorte não tarda em chegar. Saber que ele é boa pessoa é
apenas um daqueles muitos instintos que o ser humano tem. Dei-lhe todas as
moedas que tinha e recebi de volta o maior sorriso de gratidão e um “obrigado”
sincero como há muito não ouvia. É tão simples fazer alguém (um pouco mais)
feliz.
É muito bom fazer algo por alguém. Um pequeno gesto faz sempre a diferença.
ResponderEliminarBeijinhos
Que bonito gesto. Parabéns pela sua humanidade.
ResponderEliminarNão fiz mais que o meu dever :) quero que me trates por tu!
EliminarQue magnífica! Há pequenos momentos que revelam a nossa personalidade, e a tua é magnífica.
ResponderEliminar*.*
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